
A boa intenção, como a boa-fé, o altruísmo, o sentido do bem, do belo e do justo, são sinais característicos de elevação moral. Ali aparece a pureza de tudo de bom que se pode reunir como manifestação de uma vida gentil, amável, doce e consciente de sua natureza inofensiva e leal. Uma vez perdida a inocência, pode o ser humano voltar a possuí-la? É possível voltar à inocência, quer dizer, à pureza no pensar, no sentir, no proceder e, adicionemos também, no tratamento que dispensamos a nós mesmos. E dizemos a nós mesmos porque é preciso saber que há uma vida de relação própria, uma vida íntima que pertence única e particularmente a cada um.
Ali, nesse íntimo enlace entre a consciência, o coração e a mente, é onde se está perante o juízo que nos interroga e onde todo ser delibera sobre a natureza e o alcance de suas decisões. É justamente nessa vida de relação consigo mesmo que se deve cultivar a pureza fertilizante e ativa que depura o campo mental, permitindo que se deem à luz os pensamentos mais nobres e fecundos, capazes de operar verdadeiros prodígios no interior do ser, como o de conduzi-lo a insuspeitadas metas do conhecimento. Se a Verdade, mãe de todas as verdades, é fonte inesgotável de pureza e de saber, nada mais lógico que o homem busque submergir sua consciência nessa fonte e se sature desse princípio eterno que infunde a temperança e a benignidade, tão necessárias ao temperamento humano. Quantas fisionomias, ao higienizar-se a mente, não se limpariam dessas expressões de malícia, e quantos olhares maliciosos e intrigantes não se tornariam inofensivos, dissipando o receio do próximo ao influxo de sadios e elevados pensamentos, em cuja convivência a vida se transforma em formosos exemplos de bem!
Por: Carlos Bernardo González Pecatche